Energia das águas: energia limpa x impactos ambientais

Energia das águas: energia limpa x impactos ambientais

O que são hidrelétricas?

A usina hidrelétrica é um complexo que produz energia elétrica pelo potencial hidráulico de rios ou represas. Como o nível das águas varia ao longo do ano, a depender da quantidade de chuvas, algumas hidrelétricas possuem reservatórios de acumulação, responsáveis por manter a água reservada para os períodos de seca, evitando assim que a produção de energia passe por grandes variações.

Não são todas as hidrelétricas que possuem reservatórios de água, as chamadas fio d´água, como é o caso da usina de Belo Monte.

Segundo o Relatório Síntese do Balanço Energético Nacional, produzido pela Empresa de Pesquisa Energética com base no ano de 2021, entre os 44,7% de energia renovável consumidos no Brasil, as hidrelétricas estão em segundo lugar, com 11% de participação, ficando atrás da biomassa, que corresponde a 16,4% do total.

As principais hidrelétricas do Brasil são:

Usina do Tucuruí, no Rio Tocantins;

Hidrelétrica de Jirau, no Rio Mandeira (RO);

Usina de Belo Monte, no Pará;

Hidrelétrica Santo Antônio, em Rondônia;

Usina de Itaipu, no Paraná;

Complexo de Paulo Afonso, na Bahia;

Hidrelétrica de Itumbiara (GO).

Atualmente, a maior usina hidrelétrica do Brasil é a de Itaipu, localizada em Foz do Iguaçu, no Paraná. Segundo dados fornecidos pelo Portal da Itaipu Binacional, a usina fornece cerca de 10,8% da energia consumida no Brasil e 88,5% do consumo paraguaio. Em 2020, a usina de Itaipu produziu 76.382 GWh. Além disso, é a maior geradora de energia limpa e renovável do planeta, tendo produzido mais de 2,7 milhões de GWh desde o início de sua operação. Espera-se que Itaipu, que gera energia desde 1984, tenha uma vida útil de, no mínimo, 200 anos.

Como é gerada a energia proveniente da água?

A energia elétrica originária da força das águas é gerada quando a pressão causada pela água gira as turbinas, transformando energia potencial em energia mecânica e por fim em energia elétrica. Um gerador é responsável por transmitir a energia elétrica para a rede de distribuição.

Quais os tipos de usina hidrelétrica?

Microcentrais – Potência instalada ≤ 1 MW;

Pequenas centrais hidrelétricas – 1 MW < Potência Instalada < 30 MW;

Usinas hidrelétricas – Potência Instalada > 30 MW.

Quais são as vantagens e as desvantagens das usinas hidrelétricas?

As vantagens de uma usina hidrelétrica são:

Ela é fonte de energia renovável e limpa;

A produção de energia pode ser adaptada à demanda;

Apesar do alto investimento inicial necessário, a longo prazo trata-se de uma fonte barata de produção de energia;

Promove a geração de empregos.

As desvantagens de uma usina hidrelétrica são:

Para construir uma usina, é necessário promover a desapropriação de terras produtivas para realizar a inundação;

Causa diversos impactos ambientais, como perda de vegetação e da fauna terrestres;

Gera muitos impactos sociais, afetando a vida das comunidades que moram no local e nos arredores;

Gera impactos ambientais na fauna do rio.

Quais os impactos causados pela construção de hidrelétricas?

Impactos ambientais

Para construir uma hidrelétrica é necessário, muitas vezes, promover a inundação de regiões de mata nativa. Com isso, há destruição da biodiversidade; assoreamento do leito dos rios; interferência nos ciclos reprodutivos de peixes migrantes; perda da fauna e da flora terrestre e aquática; morte de várias espécies aquáticas que não suportam as mudanças de temperatura, oxigenação e pH da água; destruição da mata ciliar; entre outros danos.

Além dos prejuízos citados, há falta de desmatamento prévio à inundação, ou seja, a retirada das árvores nativas do local, que causa mais um problema: a emissão de dióxido de carbono e metano. O dióxido de carbono é produzido pela decomposição das árvores que permanecem acima do nível da água dos reservatórios, e o metano é formado da decomposição da matéria orgânica represada no fundo do reservatório (troncos, folhas e material no solo).

Outro impacto ambiental é a ocorrência de atividades sísmicas devido à pressão que a água faz sobre o substrato rochoso subjacente, assim, as barragens podem provocar ou intensificar tremores de terras e movimentação do solo nas vizinhanças dos reservatórios.

Impactos sociais

A construção de uma hidrelétrica requer não apenas a retirada da fauna e da flora nativas, mas das pessoas que moram no local ou nas redondezas. Para muitas famílias, a construção de uma barragem significa desemprego, perda de vínculo, marginalização e insegurança alimentar. Além disso, uma enorme quantidade de operários é trazida para trabalhar na construção da usina, causando o surgimento de vários vilarejos sem estrutura adequada, o aumento no número de doenças e o deslocamento de muitas famílias para as cidades do entorno.

Um estudo recente publicado pela Michigan State University na revista Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America (PNAS) alertou que os impactos ambientais e sociais causados pelas hidrelétricas, assim como os custos para sua remoção, após o término de vida útil, não têm sido levados em conta no cálculo do custo para execução dos projetos. Os pesquisadores alertam ainda sobre a importância de o Brasil diversificar sua matriz energética, investindo em energia solar, biomassa e eólica, uma vez que, atualmente, o país é muito dependente do setor hidrelétrico.

É possível reduzir os impactos causados pelas hidrelétricas?

Para mitigar os danos causados pela construção de hidrelétricas, podem ser tomadas algumas medidas, como realizar estudos de viabilidade e minimização dos impactos, aproveitando, sempre que possível, áreas já degradadas ou que não reúnem fauna e flora de grande valor ambiental; promover diálogos com as comunidades que serão afetadas; e certificar-se de que os órgãos de fiscalização ambiental e o Ministério Público estejam envolvidos em todas as etapas do processo, garantindo que a obra seja construída dentro dos parâmetros ambientais adequados, preservando os direitos da comunidade e as condições dignas para os trabalhadores da construção.

Além disso, existem outras medidas que podem ser tomadas, como a construção de usinas hidrelétricas “a fio d’água”: um tipo de usina que não precisa de reservatório de água ou o tem em dimensões menores. Nesse caso, há diminuição da área alagada e maior preservação ambiental, diminuindo os impactos na fauna, na flora e nas comunidades. Uma alternativa adotada em todo o mundo é a construção de pequenas usinas, vistas como construções de baixo impacto ambiental.

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A Geração Distribuída de Energia é aprovada e regulamentada pela ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica (Resolução Normativa nº 482/12)